
Em mais um pronunciamento que gerou repercussão mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a Organização das Nações Unidas (ONU) como “insignificante” e voltou a acusar o exército de Israel de cometer genocídio contra o povo palestino. As declarações foram feitas durante uma conferência internacional com líderes do Sul Global, reacendendo o debate sobre o papel do Brasil na geopolítica mundial e sua posição sobre o conflito entre Israel e Palestina.
As falas do presidente, embora polêmicas, refletem uma linha diplomática que vem sendo adotada desde seu retorno ao cargo em 2023. Lula tem defendido com veemência uma reforma nas estruturas de governança global e o fim da impunidade de Estados que, segundo ele, praticam crimes contra a humanidade.
Críticas à ONU e ao Conselho de Segurança
Durante o evento, Lula afirmou que a ONU perdeu relevância e efetividade no cenário global. “A ONU hoje é uma instituição praticamente insignificante, incapaz de impedir guerras, massacres e violações aos direitos humanos”, disse o presidente, ao criticar diretamente o funcionamento do Conselho de Segurança, que, segundo ele, protege interesses das grandes potências.
Ele também afirmou que os países membros permanentes — especialmente os Estados Unidos — impedem resoluções mais firmes contra abusos cometidos por seus aliados. “Como confiar numa organização em que um país pode vetar a punição de outro, mesmo diante de evidências claras de crimes de guerra?”, questionou Lula, reforçando a necessidade de democratizar as decisões multilaterais.
Acusações contra Israel
Lula não poupou palavras ao se referir ao conflito em Gaza, que já causou a morte de dezenas de milhares de civis palestinos, segundo dados de organizações humanitárias. Ele classificou a ofensiva militar israelense como um “genocídio sistemático” e comparou a destruição da Faixa de Gaza a eventos históricos como o Holocausto.
“As imagens que vemos todos os dias não deixam dúvidas. O que Israel está fazendo com o povo palestino é genocídio, é a eliminação deliberada de uma população inteira. Isso não é autodefesa, é barbárie”, declarou Lula. Ele também pediu sanções internacionais contra o governo de Benjamin Netanyahu e defendeu a criação imediata de um Estado Palestino com reconhecimento pleno da comunidade internacional.
Reações internacionais e diplomáticas
As declarações de Lula foram rapidamente repercutidas em diversos veículos da imprensa internacional. Autoridades israelenses classificaram o discurso como “absurdo e ofensivo”, e o embaixador de Israel no Brasil pediu uma retratação formal. Por outro lado, líderes de países árabes e organizações de direitos humanos elogiaram a postura do presidente brasileiro, afirmando que ele “teve coragem de dizer o que muitos preferem silenciar”.
Nos bastidores, diplomatas brasileiros afirmam que Lula busca reposicionar o Brasil como um líder do Sul Global, retomando a tradição de defesa do multilateralismo e dos direitos humanos. No entanto, críticos argumentam que esse tipo de retórica pode isolar o país de parceiros estratégicos e causar danos a relações comerciais.
O papel do Brasil no conflito do Oriente Médio
O Brasil historicamente tem defendido a solução de dois Estados e o diálogo como caminho para a paz no Oriente Médio. Durante seu terceiro mandato, Lula tem buscado articular uma frente diplomática com outros países do Sul Global, como África do Sul, Indonésia e Turquia, para pressionar por cessar-fogo e responsabilização de atores envolvidos em violações de direitos humanos.
Em fevereiro de 2024, o Brasil chegou a presidir uma reunião emergencial do Conselho de Segurança da ONU, onde propôs uma resolução exigindo a suspensão imediata das ações militares de Israel em Gaza. A proposta foi vetada pelos Estados Unidos, o que reforçou as críticas de Lula à estrutura atual da organização.