
Um novo e alarmante estudo científico revelou que milhões de pessoas ao redor do mundo estão ingerindo microplásticos diariamente sem perceber. Essas minúsculas partículas de plástico, com menos de 5 milímetros de comprimento, estão presentes em diversos alimentos, bebidas e até no ar que respiramos. A pesquisa, publicada recentemente por um consórcio internacional de universidades e instituições de saúde ambiental, alerta para os potenciais riscos dessa exposição constante e silenciosa.
O estudo analisou amostras de alimentos comuns, como sal, peixes, vegetais e água potável, e detectou a presença de microplásticos em níveis considerados preocupantes. Segundo os pesquisadores, um ser humano pode consumir, em média, até 5 gramas de microplásticos por semana — o equivalente ao peso de um cartão de crédito.
Neste artigo, entenda como os microplásticos entram no nosso organismo, quais alimentos e produtos estão mais contaminados, os possíveis efeitos à saúde e como reduzir a exposição no dia a dia.
O que são microplásticos?
Os microplásticos são fragmentos microscópicos de plástico resultantes da degradação de resíduos plásticos maiores, como sacolas, garrafas, embalagens e roupas sintéticas. Eles também podem ser fabricados intencionalmente em tamanhos pequenos, como os usados em cosméticos e produtos de higiene (por exemplo, esfoliantes faciais).
Com o descarte inadequado e o excesso de plástico no meio ambiente, essas partículas acabam contaminando solos, rios, mares e, consequentemente, a cadeia alimentar humana.
Como os microplásticos entram no nosso corpo?
Segundo o estudo, há três principais vias de exposição:
- Alimentação: Peixes, frutos do mar, sal, mel, arroz, vegetais irrigados com água contaminada e alimentos processados podem conter microplásticos.
- Água potável e bebidas: Amostras de água da torneira e de garrafas plásticas apresentaram microplásticos. Cervejas, refrigerantes e até o leite também mostraram níveis preocupantes.
- Inalação: Microplásticos presentes no ar doméstico (provenientes de roupas, carpetes e plásticos em geral) podem ser inalados e depositados nos pulmões.
O mais preocupante é que a maioria das pessoas não percebe que está ingerindo essas partículas, pois elas são invisíveis a olho nu e não alteram sabor ou textura dos alimentos.
Riscos dos microplásticos para a saúde humana
Ainda não há consenso científico definitivo sobre todos os efeitos dos microplásticos no organismo humano, mas estudos apontam sérios riscos em médio e longo prazo. Entre os possíveis impactos à saúde estão:
- Inflamações gastrointestinais
- Estresse oxidativo celular
- Desequilíbrios hormonais, especialmente pela presença de aditivos tóxicos como ftalatos e bisfenol A
- Problemas respiratórios, no caso da inalação de partículas
- Disfunções no sistema imunológico
- Possível ligação com doenças neurodegenerativas e câncer, ainda em estudo
Pesquisas em animais já demonstraram que os microplásticos podem se acumular em órgãos vitais e interferir no funcionamento de tecidos.
Quais alimentos estão mais contaminados?
Os itens mais frequentemente contaminados com microplásticos, segundo a nova pesquisa, são:
- Frutos do mar (camarões, ostras, mexilhões e peixes de mar aberto)
- Sal marinho
- Água mineral engarrafada
- Cervejas e refrigerantes em garrafa PET
- Alimentos embalados em plásticos ou aquecidos em micro-ondas em recipientes plásticos
- Vegetais irrigados com água contaminada
Como reduzir a exposição aos microplásticos?
Embora seja impossível eliminar completamente a exposição a microplásticos atualmente, é possível reduzir significativamente o contato com medidas simples:
- Evite aquecer alimentos em plásticos no micro-ondas
- Dê preferência a recipientes de vidro, inox ou cerâmica
- Reduza o consumo de água engarrafada; prefira filtros certificados
- Consuma peixes e frutos do mar de fontes confiáveis e rastreadas
- Evite plásticos descartáveis e opte por embalagens sustentáveis
- Lave bem frutas e vegetais antes de consumir
- Aposte em roupas de algodão e tecidos naturais, que soltam menos fibras plásticas no ambiente
Além disso, pressão por políticas públicas e maior regulação da indústria plástica é essencial para diminuir a poluição e evitar uma crise ainda maior no futuro.