
Clube tenta reverter punição imposta pelo Ministério Público após confusões recentes e busca preservar apoio das organizadas nos jogos
O Corinthians iniciou uma mobilização junto a autoridades do Estado de São Paulo para tentar reverter a punição imposta recentemente às suas torcidas organizadas. Após episódios de violência registrados dentro e fora dos estádios, o Ministério Público decidiu restringir a entrada de membros das principais organizadas do clube em jogos realizados na Neo Química Arena e fora dela. A decisão causou revolta entre os torcedores e preocupação na diretoria alvinegra, que teme prejuízos financeiros, desmobilização do apoio nas arquibancadas e novos conflitos.
O clube busca reverter a punição sob o argumento de que está colaborando com as autoridades, adotando medidas preventivas e promovendo a paz nos estádios. Além disso, representantes do Corinthians alegam que a decisão prejudica milhares de torcedores que não estiveram envolvidos diretamente nas confusões e que são penalizados de forma coletiva.
O que motivou a punição às organizadas do Corinthians?
A punição às torcidas organizadas do Corinthians foi motivada por episódios de violência registrados em confrontos recentes do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. Em especial, o Ministério Público de São Paulo destacou tumultos ocorridos nas imediações da Neo Química Arena e brigas entre torcedores em estações de metrô e vias públicas.
Além disso, houve registros de invasões ao gramado, uso de sinalizadores proibidos e confrontos com a polícia dentro do estádio. Diante disso, o MP pediu a proibição da entrada de faixas, instrumentos musicais e uniformes das organizadas em jogos do Corinthians por tempo indeterminado.
Corinthians tenta diálogo com Ministério Público e Polícia Militar
A diretoria do Corinthians, liderada pelo presidente Augusto Melo, procurou o Ministério Público e representantes da Polícia Militar com o objetivo de abrir um canal de diálogo. Segundo fontes do clube, a intenção é mostrar que o clube não compactua com a violência e que tem adotado medidas para identificar e punir os responsáveis pelos atos ilegais.
Entre as propostas apresentadas pelo Corinthians estão:
- Maior controle de acesso com reconhecimento facial;
- Monitoramento em tempo real das arquibancadas com câmeras de alta definição;
- Cadastramento completo dos integrantes das organizadas;
- Campanhas educativas contra a violência;
- Participação ativa das torcidas em programas de paz nos estádios.
Organizadas protestam contra a decisão e pedem direito de defesa
As principais torcidas organizadas do Corinthians, como Gaviões da Fiel, Camisa 12 e Estopim da Fiel, se manifestaram por meio de notas oficiais contra a punição imposta pelo MP. As entidades afirmam que não foram chamadas para apresentar defesa e que estão sendo generalizadas por conta de ações isoladas.
Segundo as organizadas, a decisão “fere o direito de torcer” e prejudica torcedores que contribuem com o clube, frequentam os jogos de maneira pacífica e fazem parte da identidade cultural do futebol brasileiro.
Membros das torcidas realizaram manifestações pacíficas nas proximidades da Arena em Itaquera, reforçando o pedido por diálogo e responsabilização individual, e não coletiva.
Impactos esportivos e financeiros para o Corinthians
Além da perda do apoio das torcidas organizadas — conhecidas por incentivar o time durante os 90 minutos — o clube teme prejuízos financeiros significativos com a ausência do público mais engajado. A redução na venda de ingressos, queda no consumo de alimentos e produtos no estádio e possível perda de patrocinadores preocupam a diretoria.
A Neo Química Arena tem capacidade para mais de 47 mil torcedores, e os setores ocupados tradicionalmente pelas organizadas representam boa parte da atmosfera do estádio. A ausência desse público tem potencial de esvaziar os jogos e afetar até mesmo o desempenho do time, especialmente em momentos decisivos.
O que dizem os especialistas sobre punições coletivas no futebol?
Juristas e especialistas em segurança esportiva divergem sobre a eficácia das punições coletivas às torcidas organizadas. Enquanto alguns defendem a medida como forma de coibir a violência, outros apontam que ela pode ser inconstitucional por punir indivíduos sem comprovação de culpa.
De acordo com o advogado esportivo André Zylberstajn, “o ideal seria punir apenas os torcedores envolvidos diretamente nos atos, com base em imagens e provas, e não toda uma coletividade”. Já o promotor Paulo Castilho, um dos maiores defensores da aplicação rigorosa da lei nos estádios paulistas, afirma que “a reincidência de atos violentos justifica medidas duras”.
Conclusão: Corinthians aposta no diálogo para garantir paz e manter sua torcida ativa
O Corinthians vive um momento delicado dentro e fora de campo. Além da pressão esportiva, o clube lida agora com um desafio institucional importante: manter a ordem nos estádios sem perder o apoio das suas torcidas mais apaixonadas.
Ao buscar o diálogo com autoridades e se mostrar disposto a colaborar com ações preventivas, o clube tenta construir um caminho de equilíbrio entre segurança e participação popular — algo essencial para a cultura do futebol brasileiro. A expectativa é de que, nas próximas semanas, haja uma definição sobre o futuro das organizadas nos jogos do Timão.