
A Polícia Federal prendeu, nesta quinta-feira, o prefeito de Palmas (TO), Cinthia Ribeiro, no âmbito de uma operação que investiga o vazamento de informações sigilosas oriundas do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação, autorizada pelo próprio STJ, surpreendeu o cenário político local e nacional, e levanta sérias questões sobre o acesso indevido a decisões judiciais que ainda não haviam sido tornadas públicas.
Segundo a PF, o prefeito é suspeito de integrar um esquema que teria facilitado o acesso a dados confidenciais de processos judiciais, repassando informações privilegiadas para aliados políticos e empresários do setor público e privado. O objetivo, ainda de acordo com os investigadores, seria favorecer decisões estratégicas antes de sua divulgação oficial, comprometendo a lisura de investigações e ações judiciais em curso.
O que motivou a prisão do prefeito?
A prisão foi realizada no contexto da Operação Sentinela, deflagrada após a descoberta de que decisões sigilosas do STJ estavam sendo conhecidas por investigados e advogados com antecedência. A apuração começou após um caso emblemático em que medidas cautelares foram claramente esvaziadas horas antes de sua execução — o que levantou suspeitas de vazamento deliberado de informações.
Interceptações telefônicas e análise de mensagens eletrônicas indicam que o prefeito de Palmas mantinha contatos com servidores e advogados ligados a gabinetes judiciais. A PF não descarta o envolvimento de outros agentes públicos e políticos na trama.
Quais as acusações contra o prefeito de Palmas?
O prefeito foi detido preventivamente e poderá responder pelos crimes de:
- Violação de sigilo funcional (art. 325 do Código Penal);
- Tráfico de influência;
- Corrupção ativa e passiva;
- Obstrução de Justiça.
Segundo a investigação, há indícios de que o prefeito também se beneficiou politicamente das informações recebidas, usando o conteúdo sigiloso para se antecipar a operações policiais e decisões judiciais que afetariam sua gestão ou aliados políticos.
Repercussão política e institucional
A prisão causou forte impacto no cenário político do Tocantins. Cinthia Ribeiro é considerada uma figura de destaque no estado e vinha sendo cotada para disputar cargos majoritários nas eleições de 2026. Após a detenção, a vice-prefeita assumiu interinamente a administração municipal, e a Câmara de Vereadores de Palmas convocou uma sessão extraordinária para tratar da crise institucional.
Em nota oficial, o Superior Tribunal de Justiça afirmou que está colaborando com as investigações e que já instaurou procedimentos internos para apurar possíveis falhas na segurança da informação. A corte reforçou o compromisso com a transparência e declarou que medidas administrativas serão tomadas para reforçar o sigilo de seus processos.
Defesa nega envolvimento
A defesa do prefeito afirmou que a prisão é “injusta, desproporcional e baseada em interpretações equivocadas de fatos isolados”. Advogados do prefeito prometem entrar com um pedido de habeas corpus nas próximas horas, alegando ausência de elementos que justifiquem a prisão preventiva.
Além disso, o advogado do chefe do Executivo palmense argumenta que não há provas de que seu cliente tenha se beneficiado diretamente das informações obtidas, nem indícios de que tenha repassado esses dados para terceiros com intenção de prejudicar investigações.
O que acontece agora?
A PF deve continuar com as diligências nos próximos dias, e novas prisões e quebras de sigilo não estão descartadas. A expectativa é que o inquérito seja concluído em até 60 dias, podendo resultar em uma denúncia formal ao STJ, caso as provas sejam consideradas suficientes pelo Ministério Público Federal.
Este caso reacende o debate sobre a vulnerabilidade do sistema judiciário brasileiro ao vazamento de dados sigilosos e reforça a importância de mecanismos de controle mais rigorosos para proteger a integridade de investigações sensíveis.