
Nesta quinta-feira, 26 de junho de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) protagonizaram cenas paralelas no interior e no centro de São Paulo, com o mesmo tema: habitação. Enquanto Lula foi à Favela do Moinho, na região central de São Paulo, anunciar um programa habitacional apoiado pela União e pelo Estado, Tarcísio esteve em São Bernardo do Campo – berço histórico do PT – entregando 120 unidades do programa Casa Paulista.
Lula na Favela do Moinho
O presidente Lula desembarcou no Moinho para oficializar um acordo destinado a beneficiar quase 900 famílias que vivem na ocupação. O pacote prevê:
- Carta de Crédito Individual de até R$ 250 mil por família (R$ 180 mil pelo governo federal + R$ 70 mil pelo governo estadual);
- Auxílio-aluguel de R$ 1.200 mensais enquanto durar o reassentamento;
- Assistência logística para mudanças e montagem de novas casas.
O programa está vinculado aos critérios do Minha Casa, Minha Vida, beneficiando famílias com renda de até R$ 4.700. Essa iniciativa surge após um histórico de conflitos e remoções na região – especialmente as ações da Polícia Militar, consideradas truculentas por moradores e organizações.
A cerimônia ocorreu diretamente no Moinho, em vez do galpão do MST, numa mudança de local e horário comunicada pelo Palácio do Planalto — e que também influenciou a ausência de Tarcísio.
Tarcísio em São Bernardo: entregas no “berço do PT”
Ao mesmo tempo, o governador Tarcísio cumpria agenda no ABC paulista, entregando 120 apartamentos do Conjunto Alvarenga Peixoto, em São Bernardo. Essa entrega faz parte do programa Casa Paulista, considerado o maior programa habitacional do Estado, com mais de 60 mil moradias entregues desde 2023.
Essa ação reforça o compromisso estadual com a habitação social, além de reforçar a presença de Tarcísio em um território simbólico para o PT – sobretudo em ano eleitoral, com os dois cotados candidatos à Presidência de 2026.
O componente político: rivalidade e simbolismo
A coincidência de agendas evidencia uma disputa de narrativa:
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Lula reforça a imagem de defensor das comunidades migrantes e atingidas por remoções. Usou o Moinho como palco para mostrar atuação federal em conjunto com o Estado.
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Tarcísio, ao optar por São Bernardo, capitaliza seus investimentos sociais longe de eventuais hostilidades eleitorais, especialmente num palco emocionalmente carregado por símbolos do PT .
A oposição ideológica ficou explícita na ausência de Tarcísio em um evento do presidente, justamente num contexto sensível politicamente. Há rumores de que ele evitou exposição a eventuais vaias .
Impacto social das ações
- Benefício real à população vulnerável
– As famílias do Moinho recebem suporte concreto: crédito total para o imóvel + auxílio aluguel + logística, representando dignidade e estabilidade. - Expansão habitacional estadual
– Em São Bernardo, os 120 apartamentos são parte de um programa com mais de 60 mil entregues, chegando a locais antes marginalizados. - Reflexos no cenário político de 2026
– Ambos reforçam suas credenciais para a próxima eleição: Lula como representante das causas populares; Tarcísio como gestor eficiente e capaz.
Desafios e controvérsias
- Favela do Moinho
A intervenção no local começou com ações conflitivas da PM e remoções polêmicas. Os protestos e denúncias obrigaram o governo federal a intervir e condicionar a cessão do terreno a reassentamentos pacíficos. - Percepção eleitoral
Especialistas alertam para o risco de politização exagerada nas ações habitacionais, o que pode impactar a credibilidade e distrair de soluções habitacionais estruturais de longo prazo.