
A Honda, tradicional fabricante japonesa de automóveis e motocicletas, surpreendeu o mundo ao entrar de forma oficial no mercado aeroespacial. Com o lançamento de seu foguete de testes — ainda em fase experimental — a empresa dá um passo ousado rumo a um setor dominado por gigantes como a SpaceX, de Elon Musk, e a Blue Origin, de Jeff Bezos. O movimento mostra uma tendência cada vez mais forte: grandes marcas de outros setores estão expandindo seus horizontes e buscando novas fontes de receita, especialmente em áreas tecnológicas de alto impacto.
O projeto espacial da Honda: o que se sabe
O projeto, batizado provisoriamente de HRC Rocket (sigla da Honda Research Center), está sendo desenvolvido desde 2019 e inclui:
- Foguete de pequeno porte, voltado principalmente para lançamentos de satélites comerciais em órbita baixa (LEO);
- Parceria com startups e centros de pesquisa para desenvolver tecnologia de navegação autônoma e sistemas de reentrada reutilizáveis;
- Investimentos em infraestrutura, com um centro de lançamento experimental no Japão e planos para operar também a partir de bases internacionais.
O objetivo declarado da Honda é oferecer uma solução eficiente, compacta e de custo competitivo para o lançamento de satélites pequenos — um nicho em expansão graças à corrida global pela conectividade via satélites.
Por que a Honda entrou no setor aeroespacial?
A entrada da Honda no espaço não é um movimento isolado. A empresa já vinha investindo pesadamente em áreas como:
- Inteligência artificial aplicada à mobilidade;
- Tecnologia de baterias e hidrogênio para carros do futuro;
- Robótica autônoma, com destaque para o famoso robô Asimo.
A decisão de construir um foguete combina essas expertises com uma visão estratégica clara: diversificar suas operações em um momento de transição profunda da indústria automotiva global. Com os carros elétricos ganhando espaço e a concorrência asiática aumentando, grandes montadoras buscam novos setores para manter sua relevância e inovação.
Comparação com Elon Musk e a SpaceX
Apesar de ainda estar nos primeiros estágios, o projeto da Honda já chama atenção por tentar disputar espaço com a SpaceX, atual líder em lançamentos orbitais comerciais. A empresa de Elon Musk detém contratos com a NASA, lançou a constelação de satélites Starlink e é pioneira no uso de foguetes reutilizáveis.
As principais diferenças até agora incluem:
Característica | Honda | SpaceX |
---|---|---|
Tipo de foguete | Pequeno porte | Médio e grande porte |
Foco inicial | Satélites comerciais | Satélites, missões tripuladas |
Reutilização | Em desenvolvimento | Já operacional com o Falcon 9 |
Base de operações | Japão | EUA (Califórnia e Flórida) |
Ainda que esteja atrás em escala e experiência, a Honda aposta em tecnologia japonesa de ponta, parcerias locais e inovação rápida como diferencial para acelerar sua presença no mercado.
Corrida espacial empresarial: tendência entre grandes marcas
A incursão da Honda no setor aeroespacial é apenas mais um exemplo de como grandes conglomerados estão mirando o espaço como a nova fronteira de negócios. Empresas como:
- Toyota (em parceria com a JAXA, desenvolve um rover lunar);
- Amazon (com o projeto Kuiper para internet via satélite);
- Samsung e Apple (investindo em chips e sensores para satélites);
Todas estão testando ou apoiando iniciativas relacionadas à exploração espacial, conectividade orbital e uso de dados em tempo real a partir de órbita terrestre.
O mercado de lançamento de satélites deve movimentar mais de US$ 60 bilhões até 2030, segundo a consultoria Euroconsult, e empresas tradicionais não querem ficar de fora desse novo “ouro orbital”.