
Durante seu mandato como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump promoveu cortes profundos em programas internacionais de saúde financiados por agências americanas. Um novo estudo publicado por instituições de pesquisa em saúde global revela que essas medidas afetaram diretamente a África do Sul, que vinha se consolidando como uma potência na pesquisa médica, especialmente no combate ao HIV, tuberculose e outras doenças infecciosas.
As consequências dos cortes, segundo os autores, ainda reverberam no sistema de saúde sul-africano e representam um retrocesso de anos em conquistas científicas, estruturais e humanas.
💰 Cortes bilionários e impacto direto
Em 2018, o governo Trump anunciou reduções significativas no financiamento ao PEPFAR (Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da AIDS), um dos maiores programas globais de combate ao HIV, criado em 2003 por George W. Bush.
A África do Sul, principal beneficiária do PEPFAR no continente africano, perdeu mais de US$ 500 milhões em apoio entre 2018 e 2020, afetando:
- Pesquisas clínicas de ponta
- Laboratórios especializados em virologia e imunologia
- Treinamento de profissionais de saúde
- Distribuição gratuita de antirretrovirais
🧬 Retrocesso na produção científica
Antes dos cortes, a África do Sul era referência mundial em estudos clínicos sobre HIV e tuberculose, com centros como o CAPRISA (Centro de Pesquisa em AIDS da África do Sul) produzindo dados fundamentais para políticas globais de saúde.
Com os cortes:
- Projetos de pesquisa foram suspensos ou encerrados
- Cientistas migraram para países com melhor financiamento
- Houve queda de mais de 30% nas publicações científicas da área entre 2019 e 2022
🏥 Consequências na saúde pública
Além de afetar a produção científica, os cortes impactaram diretamente a vida de milhões de pacientes. Com menos recursos, muitas clínicas reduziram:
- A distribuição de medicamentos
- Os testes de HIV e tuberculose
- As campanhas de prevenção e educação sexual
Organizações não governamentais locais relatam que o índice de novos casos de HIV voltou a crescer em algumas regiões após anos de queda.
🌍 Por que a África do Sul era tão importante?
A África do Sul abriga uma das maiores populações vivendo com HIV no mundo — mais de 7,5 milhões de pessoas. Graças a décadas de investimento externo, especialmente dos EUA, o país:
- Construiu laboratórios de nível internacional
- Treinou milhares de cientistas e técnicos
- Desenvolveu medicamentos e protocolos usados em todo o mundo
Os especialistas afirmam que o corte desse suporte representou não apenas uma perda para a África, mas para toda a comunidade científica global.
🗣️ Críticas à política externa de Trump
Diversos líderes de saúde pública e ex-funcionários da administração americana criticaram abertamente as decisões de Trump, acusando-o de priorizar a política interna e ideológica em detrimento da cooperação internacional.
“Os cortes no PEPFAR foram um erro estratégico que afetou milhões de vidas e comprometeu décadas de avanços em saúde global”, afirmou o ex-diretor do CDC África, Dr. John Nkengasong.
🔁 Reversão parcial com o governo Biden
Com a chegada de Joe Biden à presidência, parte do financiamento internacional foi retomado. A administração atual reaplicou recursos no PEPFAR e fortaleceu parcerias com países africanos.
No entanto, analistas apontam que recuperar a capacidade perdida pode levar anos, e parte do capital humano e estrutural talvez nunca seja plenamente restaurado.