
A Tesla, gigante do setor de tecnologia e veículos elétricos comandada por Elon Musk, entrou com um processo contra um ex-funcionário acusado de roubar informações confidenciais da empresa e usá-las para fundar uma startup de robótica. O caso chama atenção por envolver segredos industriais, propriedade intelectual e concorrência desleal em um setor altamente estratégico: o da robótica com inteligência artificial.
Segundo documentos judiciais divulgados nos Estados Unidos, o ex-funcionário, identificado como Zhao Zhiwei, teria transferido ilegalmente dados sensíveis da Tesla para dispositivos pessoais antes de sair da empresa. Dias depois, ele fundou a c0de.ai, empresa que promete desenvolver robôs humanóides com tecnologia semelhante à que a Tesla vem testando com o projeto Tesla Bot (também conhecido como Optimus).
Neste artigo, você entende os detalhes do caso, os argumentos da Tesla, o que diz a defesa do acusado e como isso pode impactar a corrida global pela liderança em robótica com IA.
Tesla acusa ex-funcionário de copiar tecnologias do robô Optimus
A ação judicial movida pela Tesla foi protocolada em um tribunal da Califórnia e alega que Zhao Zhiwei teve acesso privilegiado a códigos-fonte, modelos de aprendizado de máquina, documentos técnicos e protótipos de hardware durante seu tempo na empresa.
De acordo com a acusação, ele teria:
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Transferido milhares de arquivos confidenciais para seu e-mail pessoal ou para um drive externo;
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Violado acordos de confidencialidade (NDAs) assinados com a Tesla;
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Utilizado esse conhecimento para criar produtos e soluções similares na nova empresa de robótica.
A Tesla argumenta que Zhao não apenas copiou códigos e documentos técnicos, mas também tentou atrair engenheiros da Tesla para trabalhar em sua startup, caracterizando concorrência desleal e violação de segredos comerciais.
Quem é Zhao Zhiwei e o que faz a c0de.ai?
Zhao Zhiwei é um ex-engenheiro de software sênior da Tesla, especializado em aprendizado de máquina e robótica. Ele teria atuado diretamente no desenvolvimento do Tesla Bot, o robô humanóide apresentado por Elon Musk como uma das principais apostas da empresa para os próximos anos.
Após sua saída da Tesla, Zhao fundou a empresa c0de.ai, com sede no Vale do Silício. A startup afirma desenvolver robôs com capacidades cognitivas avançadas, baseados em IA generativa e sensores biomiméticos, com aplicação em áreas como cuidados a idosos, manufatura e serviços.
Embora o site oficial da empresa não mencione explicitamente qualquer relação com a Tesla, as semelhanças entre os projetos levantaram suspeitas internas — que levaram à auditoria forense nos dispositivos usados por Zhao.
O que a Tesla quer com o processo?
A Tesla está solicitando ao tribunal que Zhao:
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Interrompa imediatamente o uso de qualquer tecnologia desenvolvida enquanto trabalhava na empresa;
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Apresente todos os documentos e códigos obtidos indevidamente;
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Pague indenizações pelos danos causados, além de possíveis multas e honorários advocatícios.
Além disso, a Tesla pediu uma liminar para impedir que a c0de.ai lance produtos derivados ou concorrentes diretos ao Tesla Bot, pelo menos enquanto durar a análise judicial.
A companhia de Elon Musk também quer estabelecer um precedente no setor: mostrar que está disposta a defender com rigor suas inovações tecnológicas e propriedade intelectual.
Defesa nega acusações e diz que informações são “genéricas”
Os advogados de Zhao Zhiwei negam as acusações. Em nota enviada à imprensa, a defesa afirma que:
“Zhao nunca utilizou informações confidenciais ou código proprietário da Tesla. Toda a base de conhecimento utilizada em sua nova empresa é derivada de experiência profissional acumulada e de tecnologias de domínio público.”
Segundo seus representantes legais, os dados acessados por Zhao eram de natureza “genérica” e já estavam disponíveis em repositórios de uso comum na comunidade de desenvolvedores. Eles também argumentam que não há evidência concreta de que a tecnologia da c0de.ai seja uma cópia direta do Tesla Bot.
O caso deve se arrastar por meses até que um julgamento definitivo aconteça — ou um acordo seja firmado entre as partes.
O que está em jogo: a corrida pela liderança na robótica com IA
Este processo não é apenas uma disputa entre um ex-funcionário e uma gigante da tecnologia. Ele faz parte de uma batalha maior: a corrida global por liderança na robótica com inteligência artificial.
Empresas como Tesla, Boston Dynamics, Figure AI e startups chinesas como Unitree Robotics estão competindo ferozmente para desenvolver robôs humanóides capazes de operar em ambientes reais, desde linhas de produção até atendimento ao público.
A Tesla, por exemplo, está investindo pesado no Optimus, robô apresentado por Elon Musk como uma alternativa para trabalhos repetitivos e perigosos. Com base em tecnologia de visão computacional, aprendizado profundo e sensores autônomos, o Optimus ainda está em fase de testes, mas já é considerado promissor.
Por isso, o risco de vazamento de propriedade intelectual pode comprometer toda a estratégia da empresa. No mundo da tecnologia, sair na frente vale bilhões de dólares, e mesmo alguns meses de vantagem podem definir o sucesso ou fracasso de uma iniciativa.
Casos semelhantes no mundo da tecnologia
Casos como o de Zhao não são incomuns. O setor de tecnologia já foi palco de diversas disputas judiciais por suposto roubo de segredos industriais. Veja alguns exemplos:
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Apple x Samsung: disputas bilionárias por design e funcionalidades de smartphones;
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Waymo x Uber: ex-funcionário da Waymo (empresa de carros autônomos do Google) foi acusado de roubar arquivos e entregá-los à Uber — o caso terminou em um acordo milionário;
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Meta x Bright Data: processo envolvendo scraping e coleta de dados da rede social;
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NVIDIA x startup X: disputa por IA generativa envolvendo engenheiros que migraram de uma empresa para outra levando conhecimento técnico.
Esses exemplos mostram que a proteção de propriedade intelectual é um tema sensível — e essencial — no ecossistema de inovação tecnológica.
Especialistas opinam: como proteger inovações?
Segundo especialistas em segurança da informação e direito empresarial, empresas de alta tecnologia precisam adotar estratégias robustas para proteger suas inovações. Algumas medidas recomendadas incluem:
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Monitoramento constante de acessos a repositórios internos;
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Limitação de permissões por projeto e por perfil;
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Auditorias em processos de desligamento de funcionários;
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Criptografia de dados sensíveis e rastreamento de transferências;
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Fortes acordos de confidencialidade com cláusulas específicas.
O caso da Tesla serve como alerta para empresas que estão investindo em inteligência artificial, robótica e tecnologias emergentes: proteger o conhecimento gerado internamente é tão importante quanto criá-lo.
Conclusão
A disputa entre a Tesla e o ex-funcionário Zhao Zhiwei revela os desafios legais, éticos e estratégicos enfrentados por empresas de ponta no cenário tecnológico atual. Ao acusar Zhao de roubo de dados para criar uma empresa rival, a Tesla envia uma mensagem clara: não tolerará vazamentos ou uso indevido de suas inovações.
Enquanto o caso se desenrola nos tribunais, a c0de.ai tenta avançar com seu projeto, sob os olhos atentos da imprensa, da justiça e de toda a indústria.
No fim das contas, esta é mais uma batalha em um campo onde o conhecimento vale ouro — e cada linha de código pode ser decisiva.
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